28 de Maio de 1911
Carolina Beatriz Ângelo torna-se na primeira mulher portuguesa a votar nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte
Médica,
republicana e feminista, (Carolina) Beatriz Ângelo nasceu em 1877,
na Guarda, cidade onde realizou os seus estudos liceais. Já em
Lisboa, ingressou nas Escolas Politécnica e Médico-Cirúrgica,
tendo terminando o curso no ano de 1902. Na sua carreira médica
destaca-se o facto de ter sido a primeira mulher portuguesa a operar
no Hospital de São José, sob a direcção de Sabino Maria Teixeira
Coelho. Trabalhou ainda no Hospital de Rilhafoles, sob a orientação
de Miguel Bombarda, e dedicou-se à Ginecologia, com consultório na
baixa lisboeta. A atividade profissional de Beatriz Ângelo foi
conciliada com uma intervenção política e social intensa e
marcante. Foi uma das principais ativistas da sua época, defensora
dos direitos das mulheres, tendo lutado por causas como a emancipação
das mulheres e o sufrágio feminino.
A
sua militância em organizações defensoras dos direitos das
mulheres iniciou-se em 1906 no Comité Português da agremiação
francesa La Paix et le Désarmement par les Femmes. Em 1907 foi
iniciada na Maçonaria, ano em que esteve também envolvida no Grupo
Português de Estudos Feministas. Em 1909 fez parte do grupo de
mulheres que fundou a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas,
defensora dos ideais republicanos, do sufrágio feminino, do direito
ao divórcio, da instrução das crianças e de direitos e deveres
iguais para homens e mulheres.
Na
revolução de 5 de Outubro de 1910 tem associado à sua pessoa o
simbolismo de ter participado na confeção das bandeiras hasteadas,
obra de que foi encarregada por Miguel Bombarda. Já depois da
implantação da república, esteve envolvida na fundação da
Associação de Propaganda Feminista, em Maio de 1911. Esta
associação, que chegou a dirigir, teve origem na cisão da Liga
Republicana das Mulheres Portuguesas por questões relacionadas com a
tolerância religiosa e o sufrágio feminino. No âmbito da
Associação de Propaganda Feminista projetou a criação de uma
escola de enfermeiras, o que é referido como mais uma manifestação
da sua preocupação com a emancipação das mulheres.
Carolina
Beatriz Ângelo e Ana de Castro Osório (esquerda),
Primeira eleitora portuguesa e presidente da Liga
das Sufragistas Portuguesas
Beatriz
Ângelo foi também a primeira mulher a votar em Portugal. Numa
altura em que o direito de voto era concedido aos cidadãos
portugueses, maiores de 21 anos, sabendo ler e escrever e chefes de
família, a persistência de Beatriz Ângelo, a ambiguidade da lei e
facto de trabalhar, ser viúva e ter a seu cargo uma filha,
permitiram-se lutar pela defesa do seu direito. Votou em Lisboa, em
28 de Maio de 1911, para eleição dos deputados da Assembleia
Constituinte, ato amplamente noticiado em Portugal e felicitado em
diversos países do mundo pelas associações feministas. Em 1913, a
lei eleitoral portuguesa foi alterada, consagrando o direito de voto
a cidadãos portugueses do sexo masculino.
Beatriz
Ângelo foi sem dúvida uma mulher marcante na história portuguesa,
com um percurso interrompido pela sua morte prematura. Morreu aos 33
anos, em 3 de Outubro de 1911.( http://www.hbeatrizangelo.pt/)
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