Escavações
no Campo das Cebolas revelam muro e escadaria pós-terramoto
(Público, 21/05/2016)-
adaptado
Com as obras no “Campo das Cebolas”(em
frente da Casa dos Bicos), na frente ribeirinha de Lisboa foram descobertos
"restos das paredes, muito destruídas" do Forte da Ribeira. O subsolo
escondia ainda vestígios dos séculos XVI e XV, como cerâmicas italianas e
sementes.
1 - Como se pretende que o Parque das cebolas fique após a recuperação do espaço?
Outras imagens...
Só mais, uma curiosidade!!
Sabes por que razão este espaço ficou conhecido por "Campo das Cebolas?
Campo das Cebolas porquê? Antes do terramoto de 1755, chamava-se Praça da Ribeira Velha, mas depois tomou o nome do produto que aqui era descarregado e armazenado em grande quantidade. “
Também o Cais do Sodré vai ser requalificado...
O que se pretende obter...
Uma vista de olhos..
Bonito, sem sombra de dúvidas!
São só mais uns meses, com a circulação condicionada na cidade de Lisboa.
Voltando ao assunto inicial.... O que se está a passar nos campo das cebolas atualmente??
Segundo o público de 21/6/2016 (conteúdo adaptado)
As sondagens
arqueológicas já tinham confirmado que sob o Campo das Cebolas se escondia uma
estrutura portuária, integrada no plano de reconstrução de Lisboa depois do
terramoto de 1755. Mas agora que o local está em obras, o Cais da Ribeira
Velha, com o seu paredão e a escadaria através da qual se chegava ao rio, está
finalmente visível, depois de mais de um século e meio enterrado.
- uma de requalificação do espaço público;
- outra de construção de um parque de estacionamento subterrâneo, com
capacidade para cerca de 200 viaturas. Os projectos em execução são da autoria
do arquitecto João Luís Carrilho da Graça, com conclusão prevista para Março de
2017.
Neste momento,
decorrem no local as escavações com vista à construção do parque e os trabalhos
de desvio de infra-estruturas. Em paralelo decorrem também os trabalhos
arqueológicos
Quem por estes
dias visitar a obra poderá ver o paredão do Cais da Ribeira Velha, erguido no
local depois do terramoto de 1755. Visíveis estão também as escadas que permitiam o acesso ao rio Tejo e aos barcos
que nele se encontravam.
“O paredão está
em óptimo estado. Esperávamos encontrá-lo mas surpreendeu-nos o bom estado”,
diz uma das directoras científicas das escavações - Inês Simão acrescenta que,
apesar de ser certo que esta estrutura portuária remonta ao século XVIII,
existe ainda a “dúvida” sobre se na sua construção foram usados elementos de um
muro anterior, que “aparece nalguma cartografia do século XVII”.
Filipe Homem
frisa que uma parte
do muro será incluída
no parque de estacionamento, ficando visível para aqueles que o utilizarem. O
restante, diz, será “cuidadosamente desmontado”, podendo as pedras ser
“reaproveitadas” para preencher espaços onde elas estejam em falta ou para
integrar “pavimentos e muros” à superfície, no âmbito do projecto de
requalificação do espaço público.
Questionado sobre
o futuro dos degraus em pedra, o arquitecto adianta que “a intenção” é que
também eles sejam reaproveitados. Como estava já prevista a existência de um
acesso ao parque de estacionamento no local onde o achado foi feito, Filipe
Homem admite que no futuro os automobilistas venham a ter o privilégio de pisar
uma escadaria do século XVIII para chegar à sua viatura ou para aceder ao
exterior.
Além destes elementos, os trabalhos arqueológicos revelaram parte das
paredes de alguns edifícios pós-terramoto e as suas fundações, em madeira.
Junto a um tanque com água, no interior do qual foi depositada essa “estacaria
pombalina”, Inês Simão explica que ela provém de “edifícios de alfândega e de
armazém”, que existiam na área que hoje conhecemos como Campo das Cebolas e que
na altura tinha a designação de Ver-o-Peso.
NOTA: As Estacas do
período pombalino, utilizadas na construção de fundações de edifícios erguidos
em solos de lodo, no espaço do actual Campo das Cebolas, em Lisboa. Estes
materiais orgânicos devem ser acondicionados em água de maneira a evitar a sua
degradação acelerada.
Também em frente
à Casa dos Bicos foram encontradas marcas da reconstrução de Lisboa depois do
terramoto, mas de natureza distinta. Aqui, nota a responsável empresa ERA-
Arqueologia, ficava um quarteirão residencial, conhecido como Terreiro das
Farinhas.
Associada à Casa
dos Bicos há mais uma história para contar: durante os trabalhos os arqueólogos
depararam-se com uma pedra que fazia parte do edifício. Essa pedra, concluíram,
é testemunho da história do imóvel, cujos dois andares de cima ruíram com o
terramoto de 1755 e foram mais tarde reconstruídos.
Num outro nível
de escavação, os arqueólogos encontraram “algumas estruturas” relativas a uma
ocupação anterior, que remonta ao século XVII. Segundo Inês Simão, os achados
incluem “calçadas” e “pilares onde assentavam as barracas” de venda do então
existente Mercado da Ribeira Velha.
Entre aquilo que
foi posto a descoberto pelas escavações estão ainda “restos das paredes, muito
destruídas” daquilo que se pensa ser o Forte da Ribeira, uma estrutura que
surgia identificada em cartografia do século XVII. Inês Simão nota que este não
era “um forte de grande dimensão”, mas sim “um pequeno forte, de apoio à
alfândega”. Segundo transmitiu ao PÚBLICO a Direcção-Geral do Património
cultural (DGPC), esta construção “pode estar relacionada com a Guerra da
Restauração, entre 1640 e 1668”.
Finalmente, por
baixo de tudo isso, escondiam-se aqueles que, pelo menos até agora, foram os
mais antigos vestígios revelados no Campo das Cebolas. Em causa estão
“cerâmicas, faiança e porcelanas” de diferentes proveniências, datas dos
séculos XVI e XV.
Entre esse
material, detalha, há cerâmicas italianas do século XVI (designadas por
“majólicas”), porcelanas chinesas e peças de faiança, de Sevilha e nacionais.
Também encontrados, conta, foram “alguns vestígios do que seria a alimentação”
da época, como “sementes, cascas de coco, amêndoas e ossos de animais”.
Como saber mais,
sobre as escavações? Não só através do site da Era Arqueologia (onde sairão
informações quinzenais – pelo menos- sobre o andamento dos trabalhos) como a
Emel dispôs-se a promover, entre 29 de Abril e 9 de Junho, visitas ao local
abertas ao público. A participação nestas visitas requer inscrição prévia,
junto da Emel. “Estamos a ponderar aumentar o número de visitas ou torná-las
semanais, já que a lista de inscritos excede o calendário estabelecido”, diz ao
PÚBLICO a directora de Institucionais e Cidadania da empresa, Helena Carvalho.
Em resposta a
perguntas do PÚBLICO, a DGPC sublinha que, graças a “uma inédita articulação”
com a equipa do arquitecto Carrilho da Graça e com a Emel, “houve um cuidado
especial no caderno de encargos para as obrigações da equipa de arqueologia
promover acções e preparar conteúdos científicos ajustados à divulgação
generalista junto dos cidadãos”.
Quanto ao
património encontrado no Campo das Cebolas, a direcção-geral constata o
resultado das escavações em curso “confirmou as várias estruturas que já eram
conhecidas das fontes históricas e que foram identificadas no âmbito dos
trabalhos iniciais de avaliação e diagnóstico arqueológico”.
Finalmente, em
relação ao que ainda pode estar por descobrir no Campo das Cebolas, a DGPC
afirma que “a continuação dos trabalhos arqueológicos irá sempre contribuir
para a identificação de elementos e contextos que são fundamentais para a
compreensão da história da cidade de Lisboa”. Entre eles, revela, poderá estar
“património arqueológico náutico e subaquático”. “