DIDATICA DA HISTÓRIA
1.1.- Como era vista a História, desde a
Grécia ao século XX
Heródoto e Tucidedes
foram considerados os pais da História
Ao longo dos tempos, assinalam diferentes
fases do conhecimento histórico: em primeiro (1), na Grécia Clássica, ( período
responsável pela construção do pensamento racional e pela preocupação em
registar a história, interpretava-se o passado através de mitos, nos
quais a intervenção dos Deuses e outros seres sobrenaturais levavam à realidade
presente); em segundo (2) - durante a Idade Média, o cristianismo e o
mundo árabe também contribuíram. Surgiram então as crónicas, que “são os
primeiros documentos de História propriamente dita. O caso de Fernão Lopes é um
excelente exemplo” (Proença, 1989, p. 27); em terceiro (3) - no renascimento
e iluminismo. A História passou a
fundamentar as críticas à sociedade, tendo como exemplo, Erasmo e Montaigne; no
século XVII, que trouxe alguns avanços na conceção da história, especialmente
em Inglaterra, e recuos, muito por culpa do catolicismo;(no século XVIII), em
que a história já não se limita a falar da vida dos reis e das guerras, e
adquire também uma função política, exaltando feitos do passado e legitimando
as ações do presente, condicionando a objetividade histórica e , em quarto(4), no
século XIX, principalmente, na segunda metade, altura em que surgem
disciplinas especializadas dentro da histórica, como a História Económica,
Política, das Civilizações e, por último (5), no século XX, a sua
renovação. A História passa a ser semelhante ao que conhecemos hoje:
interessada por todos os campos da atividade humana, interessada tanto pelo
passado mais longínquo como pelo tempo presente, documentando-se também com
testemunhos orais e relacionando-se intimamente com ciências como a Geografia,
Sociologia, Antropologia.
1.2
– A didática da História.
A didática
da História adquiriu o seu estatuto científico através da investigação
educacional, “ao fazer depender a resolução dos problemas que se colocam à
prática docente da investigação em torno do processo de ensino/aprendizagem de
uma determinada matéria” (Proença, 1989, pp. 31-32). É o estudo do processo de
ensino e aprendizagem que é a pedra basilar da didática, que se debruça sobre o
que ensinar e como ensinar e aprender.
1.3. – O Historiador e o papel do professor de História.
É preciso ensinar História, mas ter em atenção as
fontes que se utilizam e como se interpretam. O discurso historiográfio
altera-se ao longo dos séculos, devido a condicionalismos políticos, culturais,
religiosos ou científicos. É importante que o professor esteja atento à
evolução e às mudanças, não só “do pensamento histórico, como também da
"produção historiográfica."
Mais do que isso, os docentes devem refletir sobre
a sua prática e que para além das “matérias, técnicas, métodos e actividades se
preocupem em induzir o «porquê» que lhes é subjacente” (Proença, 1989, p. 32).
Cabe ao professor “enquanto organizador e supervisor
de situações de aprendizagem” (Proença, 1989, p. 33) entender que o ensino é
parte de um processo de transformação no qual os alunos são transformados pela
relação pedagógica. Não se deve por de parte o fator humano desta relação em
detrimento do conhecimento científico que o professor procura transmitir,
devendo ter em conta as particularidades dos alunos, o seu meio social, os seus
interesses, pois “também na acção didáctica se reflecte a globalidade das
acções humanas que a História busca incessantemente explicar” (Proença, 1989,
p. 33). Sendo o professor um mediador da aprendizagem, deve deter conhecimentos
científicos e técnicos, mas também uma visão humanista. O ensino da História
deve partir de problemas práticos e não de atividades que conduzam à
repetição/reprodução e memorização de
conhecimentos, pois o aluno é o centro do processo de ensino/aprendizagem,
devendo ir construindo o seu conhecimento (papel ativo) num processo de
regulação e autorregulação de aprendizagens significativas.
A História é multiperspetiva, ou seja, o
conhecimento histórico não decorre de um relato fixo e único sobre o passado. O
Historiador necessita de cruzar fontes, com perspetivas diferentes, para obter
uma “imagem” aproximada do passado. Neste sentido, os alunos devem estar
preparados para interpretar e lidar com a pluralidade de perspetivas, tendo em
conta que há fontes mais ou menos credíveis e mais ou menos fidedignas e que
coexistem contextos e interpretações de produção diferentes. (como é o caso
quando falamos das conquistas ou descobertas).
Bibliografia
Cândida Proença,
Didáctica da História, Lisboa, Universidade Aberta.
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