A Imagem na sala de aula
A
imagem faz parte do dia a dia dos alunos. Cabe ao professor ensiná-lo, de forma
eficiente, a gerir a informação e a comunicar com e pelas imagens.
- O ensino pelas imagens. Vantagens
No ensino, a imagem é “um “instrumento de
comunicação, de informação, de conhecimento, de motivação, de instrução, meio
de ilustração da aula, utensílio de memorização e de observação do real.” (
Duborgel, 1992, citado por Lencastre.2003, p. 2101)
O ensino pela imagem é importante “ porque marca
o reconhecimento da imagem. Já não apenas como um auxiliar que pode servir
outras linguagens, mas enquanto linguagem específica com um valor próprio. É
objetivo do ensino pela imagem facilitar aos alunos recursos e mecanismos de
representação que têm as imagens, para descobrir as suas possibilidades
expressivas significativas e comunicativas.”(Ibidem, p.2101). Constitui uma
abordagem de conteúdos, de forma apelativa, estimulando a cooperação,
possibilitando uma melhor compreensão e facilitando a aquisição de
conhecimentos. (Ibidem, p.2104).
Nada
mais é que “ler” a imagem observada. Claro que essa leitura está sujeita ao
gosto estético e sensibilidade de cada um. É preciso determinar algumas regras
importantes no ensino pela imagem.
Ler uma imagem
Cabe ao professor estabelecer
uma ligação entre os alunos e as imagens. A imagem não prescinde da palavras
pois o professor apenas orienta a sua exploração. A imagem não substitui o
professor, ela é o prolongamento das capacidades de comunicação do professor e
implica-o diretamente no ensino-aprendizagem.
Ler e analisar imagens não é uma tarefa
tão simples como parece ser à primeira vista. Cabe ao docente elaborar algumas
estratégias de forma a ajudar os alunos nesta tarefa. Passa por:
(1)Primeiro, o professor deve
escolher a imagem de acordo com a sua disciplina e com a faixa etária dos
alunos que a vão analisar.
Tendo sempre em
atenção, que esta imagem deverá estar associada ao que o aluno já conhece no
momento da aquisição, isto é, para que o conhecimento tenha significado deve
integra-se no que o aluno já sabe sobre o assunto (conhecimentos prévios).Posteriormente,
deve selecionar objetivos e competências, assim como, grelhas de análise das
imagens. Esta atividade deve ser realizada em mais do que uma aula, de forma a
que a análise por parte dos alunos , seja bem percebida, dando espaço para a
discussão e troca de ideias. Este tipo de atividade promove o diálogo, a
colaboração, a reflexão, atitude crítica e estética.
(2) Segundo. A Visualização da imagem pelo aluno. O
aluno deve observar espontaneamente a imagem sem influência ou orientação de
ninguém;
(3) Terceiro. Depois do aluno observar a imagem, o
professor explora, de forma orientada a imagem, em diálogo com eles,
descrevendo verbalmente a imagem (a comunicação por meio da imagem não
prescinde da linguagem verbal9, focando os alunos, face ao já observado. No que
é mais importante, focalizando os detalhes e direccionando o olhar para
determinados pormenores.
A
observação de uma imagem pode ser orientada por uma grelha de observação, em
que o aluno autonomamente, observa e chega às suas próprias conclusões.
Em
síntese, a leitura de uma imagem, passa por ensinar o aluno a ver, ensinar a
pensar. Passa pela descrição minuciosa dos objetos, contextos e localização
espacial (leitura objetiva ou denotativa) e a leitura de uma imagem de acordo
com a interpretação pessoal de cada um (leitura subjetiva ou conotativa) e das
referências / cultura de cada pessoa.
Como olhar para uma Obra de arte? Como a interpretar?
“A obra de arte produz-se no interior de uma sociedade e de uma situação
histórica específica”, (Argan, 1994, pág. 36) sendo o artista parte ativa da
estrutura social, e sua obra, como qualquer outro produto, é promovida,
avaliada, utilizada.
É preciso ter algum cuidado quando se apresenta uma obra de arte ou
pintura na sala de aula. A imagem
ocupa um lugar central no processo de ensino/aprendizagem da História e demais
domínios do conhecimento. É, por conseguinte, importante saber retirar o máximo
proveito da imagem, daí que seja essencial saber utilizar diferentes métodos de
análise de imagens que podem ser os apresentados ou outros, tais como os que
recorrem à análise iconográfica, iconológica, semiótica...
Guernica era só ruínas após o bombardeio perpetrado por aviões a mando de Adof Hitler, que testava suas armas de guerra. Interferencia na Guerra Civil Espanhola
Por
trás da sua leitura está um conteúdo sociológica (ela é produto de uma
sociedade histórica concreta onde o artista se insere. Ligando-se aos
movimentos de mecenato, colecionismo, gosto do público ou contextos de
trabalho); estruturalista (o objetivo é o tempo e a cultura onde se produziu. Vali
além da forma e imagem, e “estuda o
conceito de sinal, visando a decifração
rigorosa dos sinais, mediante um código concreto e cabe aos historiadores de
arte decigrar as mensagens.”(Argan .1994, p.34); Iconológico ( cada imagem tem
um significado próprio e, quando observada, no seu global, reflete um assunto e
quando analisada ao pormenor, diferentes significados,). Conclui-se então, com Argan que “cada artista opera na base de uma
cultura sedimentada e difusa que a sua busca
pessoal contribui para alargar,
aprofundar, mudar.”(Ibidem.p.36).
Por
exemplo, partindo da análise do quadro de Pablo Picasso – Guernica, na sala de
aula. Na execução desta atividade é necessário são:
1º Escolha
da imagem a analisar, tendo em conta a disciplina e a faixa etária dos
discentes;
2º Seleção dos objetivos e competências, tal
como as estratégias e os recursos e materiais a usar, como por exemplo as
grelhas de análise das imagens.
3º Discussão relativa à imagem analisada que
pode compreender três fases: a primeira(1) a de debate: em que o diálogo, a
cooperação, a colaboração e a partilha de informação são promovidos pelo
professor moderador; a segunda(2), a de relacionação, onde os alunos relacionam
os vários conteúdos das várias disciplinas, neste caso e, a terceira(3), a de
reflexão, em que os alunos chegam a conclusões, ou seja, dos significantes da
imagem explorados. Isto é, se, numa primeira fase, passam à atribuição de
significados, na segunda fase e chegam
ao final com a capacidade de desenvolverem conotações e interpretações que lhe
permitem desenvolver um pensamento reflexivo e estético da arte.
BIBLIOGRAFIA
- Argan, G. & Fagiolo, M. (1994). Guia de História
da Arte. Lisboa:
Editorial Estampa.
- Lencastre, José Alberto; Chaves, José Henrique. (2003). “
Ensinar pela imagem. In Revista Galego-Portuguesa de Psicologia e Educación,
nº8 (vol.10), ano 7, pp.2100-2105.
- Mukarovský, J. (2011) Escritos
Sobre Estética e Semiótica da Arte. Lisboa:
Editorial Estampa.
- Joly, Martine (1994) — Introdução à Análise da Imagem, Lisboa,
Ed. 70, 2007 — Digitalizado por SOUZA
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