sábado, 21 de maio de 2016

A Imagem na sala de aula

 

A imagem faz parte do dia a dia dos alunos. Cabe ao professor ensiná-lo, de forma eficiente, a gerir a informação e a comunicar com e pelas imagens.

 

- O ensino pelas imagens. Vantagens



 

   No ensino, a imagem é “um “instrumento de comunicação, de informação, de conhecimento, de motivação, de instrução, meio de ilustração da aula, utensílio de memorização e de observação do real.” ( Duborgel, 1992, citado por Lencastre.2003, p. 2101)

  O ensino pela imagem é importante “ porque marca o reconhecimento da imagem. Já não apenas como um auxiliar que pode servir outras linguagens, mas enquanto linguagem específica com um valor próprio. É objetivo do ensino pela imagem facilitar aos alunos recursos e mecanismos de representação que têm as imagens, para descobrir as suas possibilidades expressivas significativas e comunicativas.”(Ibidem, p.2101). Constitui uma abordagem de conteúdos, de forma apelativa, estimulando a cooperação, possibilitando uma melhor compreensão e facilitando a aquisição de conhecimentos. (Ibidem, p.2104).

Nada mais é que “ler” a imagem observada. Claro que essa leitura está sujeita ao gosto estético e sensibilidade de cada um. É preciso determinar algumas regras importantes no ensino pela imagem.



 

Ler uma imagem

 

   Cabe ao professor estabelecer uma ligação entre os alunos e as imagens. A imagem não prescinde da palavras pois o professor apenas orienta a sua exploração. A imagem não substitui o professor, ela é o prolongamento das capacidades de comunicação do professor e implica-o diretamente no ensino-aprendizagem.

 

 

   Ler e analisar imagens não é uma tarefa tão simples como parece ser à primeira vista. Cabe ao docente elaborar algumas estratégias de forma a ajudar os alunos nesta tarefa.  Passa por:
(1)Primeiro, o professor deve escolher a imagem de acordo com a sua disciplina e com a faixa etária dos alunos que a vão analisar.
Tendo sempre em atenção, que esta imagem deverá estar associada ao que o aluno já conhece no momento da aquisição, isto é, para que o conhecimento tenha significado deve integra-se no que o aluno já sabe sobre o assunto (conhecimentos prévios).Posteriormente, deve selecionar objetivos e competências, assim como, grelhas de análise das imagens. Esta atividade deve ser realizada em mais do que uma aula, de forma a que a análise por parte dos alunos , seja bem percebida, dando espaço para a discussão e troca de ideias. Este tipo de atividade promove o diálogo, a colaboração, a reflexão, atitude crítica e estética.
(2) Segundo. A Visualização da imagem pelo aluno. O aluno deve observar espontaneamente a imagem sem influência ou orientação de ninguém;
(3) Terceiro. Depois do aluno observar a imagem, o professor explora, de forma orientada a imagem, em diálogo com eles, descrevendo verbalmente a imagem (a comunicação por meio da imagem não prescinde da linguagem verbal9, focando os alunos, face ao já observado. No que é mais importante, focalizando os detalhes e direccionando o olhar para determinados pormenores.
A observação de uma imagem pode ser orientada por uma grelha de observação, em que o aluno autonomamente, observa e chega às suas próprias conclusões.
Em síntese, a leitura de uma imagem, passa por ensinar o aluno a ver, ensinar a pensar. Passa pela descrição minuciosa dos objetos, contextos e localização espacial (leitura objetiva ou denotativa) e a leitura de uma imagem de acordo com a interpretação pessoal de cada um (leitura subjetiva ou conotativa) e das referências / cultura de cada pessoa.


Como olhar para uma Obra de arte?  Como a interpretar?

 

“A obra de arte produz-se no interior de uma sociedade e de uma situação histórica específica”, (Argan, 1994, pág. 36) sendo o artista parte ativa da estrutura social, e sua obra, como qualquer outro produto, é promovida, avaliada, utilizada.

 

É preciso ter algum cuidado quando se apresenta uma obra de arte ou pintura na sala de aula. A imagem ocupa um lugar central no processo de ensino/aprendizagem da História e demais domínios do conhecimento. É, por conseguinte, importante saber retirar o máximo proveito da imagem, daí que seja essencial saber utilizar diferentes métodos de análise de imagens que podem ser os apresentados ou outros, tais como os que recorrem à análise iconográfica, iconológica, semiótica...



Guernica era só ruínas após o bombardeio perpetrado por aviões a mando de Adof Hitler, que testava suas armas de guerra. Interferencia na Guerra Civil Espanhola

Por trás da sua leitura está um conteúdo sociológica (ela é produto de uma sociedade histórica concreta onde o artista se insere. Ligando-se aos movimentos de mecenato, colecionismo, gosto do público ou contextos de trabalho); estruturalista (o objetivo é o tempo e a cultura onde se produziu. Vali além da forma e imagem,  e “estuda o conceito  de sinal, visando a decifração rigorosa dos sinais, mediante um código concreto e cabe aos historiadores de arte decigrar as mensagens.”(Argan .1994, p.34); Iconológico ( cada imagem tem um significado próprio e, quando observada, no seu global, reflete um assunto e quando analisada ao pormenor, diferentes significados,). Conclui-se então, com Argan que “cada artista opera na base de uma cultura sedimentada e difusa que a sua busca pessoal contribui para alargar, aprofundar, mudar.”(Ibidem.p.36).


 Por exemplo, partindo da análise do quadro de Pablo Picasso – Guernica, na sala de aula. Na execução desta atividade é necessário são:
1º Escolha da imagem a analisar, tendo em conta a disciplina e a faixa etária dos discentes;
2º Seleção dos objetivos e competências, tal como as estratégias e os recursos e materiais a usar, como por exemplo as grelhas de análise das imagens.
3º Discussão relativa à imagem analisada que pode compreender três fases: a primeira(1) a de debate: em que o diálogo, a cooperação, a colaboração e a partilha de informação são promovidos pelo professor moderador; a segunda(2), a de relacionação, onde os alunos relacionam os vários conteúdos das várias disciplinas, neste caso e, a terceira(3), a de reflexão, em que os alunos chegam a conclusões, ou seja, dos significantes da imagem explorados. Isto é, se, numa primeira fase, passam à atribuição de significados,  na segunda fase e chegam ao final com a capacidade de desenvolverem conotações e interpretações que lhe permitem desenvolver um pensamento reflexivo e estético da arte.

 

BIBLIOGRAFIA
- Argan, G. & Fagiolo, M. (1994). Guia de História da Arte. Lisboa: Editorial Estampa.
- Lencastre, José Alberto; Chaves, José Henrique. (2003). “ Ensinar pela imagem. In Revista Galego-Portuguesa de Psicologia e Educación, nº8 (vol.10), ano 7, pp.2100-2105.
- Mukarovský, J. (2011) Escritos Sobre Estética e Semiótica da Arte. Lisboa: Editorial Estampa.
- Joly, Martine (1994) — Introdução à Análise da Imagem, Lisboa, Ed. 70, 2007 — Digitalizado por SOUZA




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